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Cinderela chinesa - Adeline Yen Mah


Autora: Adeline Yen Mah

Editora: Seguinte

Páginas: 175

Ano da publicação: 2006

Personagem principal: Adeline

Personagens secundários: Pai, madrasta, avós, tia, irmãos.

Adeline veio ao mundo no lugar errado e na hora errada. Nasceu mulher na China, onde os filhos homens são desejados e as meninas apenas toleradas, ainda por cima durante os anos 40, período em que o país enfrentou duas guerras civis. Sua família também foi palco de uma espécie de guerra civil, mas quase sem combate: o lado de Adeline acabou derrotado antes mesmo de poder agir.

Esse lado é formado por Adeline, seus três irmãos e uma irmã mais velha, além do avô e da tia. A mãe de Adeline morreu duas semanas após o nascimento dela, e o pai, um milionário chinês, casou-se de novo.

A madrasta detesta os filhos anteriores; os irmãos mais velhos culpam Adeline pela morte da mãe e por todos os seus problemas; os mais novos, filhos da madrasta, nem lhe dirigem a palavra. Se ao menos o pai olhasse por ela, haveria uma esperança: mas, para ele, é como se ela não existisse.

Nem assim, entretanto, Adeline vai se deixar derrotar. Afinal, se a madrasta dela faz a vilã da fábula Cinderela parecer boazinha, o talento e a imaginação de Adeline também vencem fácil os atributos de Cinderela. Para enfrentar a infindável série de privações, humilhações e maldades aprontadas pela madrasta e ignoradas pelo pai, ela vai se apoiar nos livros e nos próprios sentimentos de amor e compaixão.

Com muita força de vontade e um espetacular desempenho como estudante, ela consegue se livrar de um destino que se apresentava terrível para se tornar uma mulher independente e respeitada.

Esse livro é uma biografia de Adeline, a quarta filha de um casamento de cinco filhos. Culpada pela morte da mãe, Adeline é maltrata pelos irmãos e ignorada pelo pai, tendo amor e afeto recebidos pela tia Baba e seus avós, Nai Nai (avó) e Ye Ye (avô). Depois de – apenas – um ano de viuvez, o pai de Adeline casou com a madrasta – Niang, um outro termo chinês designado para “mãe”. É a típica história da Cinderela, mas com mais tensão.

Adeline é realmente atormentada pelos irmãos como a Cinderela, só que, ao contrário da protagonista da fábula, ela precisa conviver com seis irmãos que a odeiam. Como seu pai nunca lhe dá atenção, a única maneira de fazer com que ele se dirija à ela é ser a melhor na escola. Adeline é a primeira em sua classe desde os quatro anos, deixando seu pai orgulhoso e seus irmãos com inveja.

A madrasta dela que, convenhamos, é uma manipuladora, ambiciosa, falsa e cínica, faz de tudo para baixar a autoestima de Adeline, que acaba sucumbindo às opiniões – ridículas – dela.

Jogada de um internato para uma escola de freiras e depois de volta para seu primeiro internato – nesse momento, sendo alvo de um ataque na guerra civil, Adeline é abandonada no mundo. Sua família mora em um lugar totalmente seguro, e eles a largaram lá como uma órfã.

Para fugir de sua realidade, ela se envolve cada vez mais nos livros, o que a ajudam a criar coragem para se inscrever em um concurso de peças teatrais, e escreve sua própria história e envia. Não é surpresa quando ela ganha o concurso internacional de Londres e chama a atenção de seu pai.

Cinderela chinesa é um livro que mexeu muito comigo. O sofrimento, o esforço para se mostrar ao pai, a manipulação de sua madrasta, a inveja dos irmãos e o carinho da tia são as coisas que envolvem o mundo de Adeline. A garota que sofria gozação da família e das amigas da escola encontrava um refúgio nos livros e no dever de casa. Ela se esforçava tanto que não tinha tempo para mais nada. E, em todas as vezes que a família deveria sacrificar alguma coisa, era de Adeline. Sua madrasta a largava em internatos distantes, sem nunca visitar – e ninguém da família cedia.

É uma história de superação, um livro que me fez chorar – muito – durante a leitura. Seja por uma situação específica ou o jeito como o pai a tratava, mas a história de Adeline é algo que todas as pessoas deveriam conhecer.

A autora, que é a própria Adeline, tem uma escrita fluente e, apesar de leve, é reflexiva e emotiva. Durante anos, ela sofreu perante a sua situação. Mas, quando ela ganha o concurso, ela encontrou sua razão de viver, trazendo esperança para o leitor.

“Papai estava com três cartões de desembarque na mão e uma expressão embaraçada no rosto. ‘A aeromoça me pediu para preencher esses cartões. Acho que esqueci seu nome chinês.’ Senti uma pontada. Eu significava tão pouco para ele, era tão sem importância que ele não lembrava nem meu nome!”

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