O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini
Autor: Khaled Hosseini
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 365
Ano da publicação: 2003
Personagens principais: Amir, Hassan
Personsagens secundários: Baba, Assef, Sohrab, Rahim
O livro narra a história de Amir, um menino rico que mora em Cabul, Afeganistão. Ele mora com seu pai, baba, e sua mãe morreu durante o parto. Por culpá-lo da morte de sua esposa, baba trata o filho formalmente, querendo que ele seja um homem forte e poderoso como Assef, vizinho deles.
Amir é amigo de Hassan, filho do empregado Ali. Assim como Ali e baba, os dois meninos crescem juntos e são amigos. O garoto rico tem inveja do menino pobre, pois este recebe mais afeto e atenção de baba do que seu próprio filho, e ele não entende o porquê.
A situação muda quando Amir participa de um campeonato de pipas e derrota seus oponentes, e Hassan corre para buscar a última pipa rival que cai, já que é como exibir as pipas caídas como troféus. Amir é o campeão na competição e Hassan é o talentoso caçador de pipas.
Nessa busca pela pipa caída, Amir encontra Hassan sendo violentado por Assef e sua gangue. Sem coragem para intervir, ele prefere ficar escondido e não conta a ninguém sobre o ocorrido. No entanto, a culpa que ele sente o consome por inteiro, mesmo depois de anos. Depois de um mal-entendido, Hassan e seu pai deixam a casa de baba, que está inconformado com a saída do amigo. Mesmo assim, Amir não deixa de se sentir atormentado.
Para fugir de um regime soviético, Amir e baba vão para os EUA. Baba trabalha vendendo sucatas em uma feira, onde Amir conhece Soraya, com quem se casa. Quinze anos se passam depois do casamento e da morte de baba, e Amir recebe uma ligação de Rahim Khan, um grande amigo da família.
Amir vai para o Afeganistão, e lá escuta a história de Rahim. Ele estava morando com Hassan, sua esposa e filho. Hassan e a esposa são mortos, deixando o pequeno Sohrab órfão. Para convencer Amir a resgatar Sohrab das mãos dos oficiais, que o usavam como escravo sexual, Rahim revela que Ali era estéril e Baba era o verdadeiro pai de Hassan, seu então meio-irmão. Ou seja, Sohrab era meio-sobrinho de Amir.
Sohrab está sob os “cuidados” de um oficial do Talibã, que impede que Amir veja a criança. Ele reconhece o oficial como Assef, e os dois começam a brigar.
Não vou contar o final, pois não quero estragar (se bem que eu já falei muita coisa).
Esse é um livro que mexeu muito comigo. A diferença de relação entre baba e seus filhos é gritante. Eu entendo a inveja que Amir sente de Hassan, pois ele recebe atenção e, acima de tudo, afeto e admiração de baba, que não compartilhava isso com o “filho legítimo”.
É perturbador ver como um grupo de garotos que se acham superiores é capaz de abusar de um menino e saírem impunes. Pior ainda é descobrir que, anos mais tarde, Assef continua a fazer isso com crianças, desta vez com apoio do governo talibã.
O amadurecimento e a culpa que consome Amir também é algo que deve se comentar. Do garoto que foi covarde para defender o amigo ao homem que voltou ao país que lhe traz tantas lembranças ruins para buscar seu então desconhecido sobrinho, Amir demonstra a força de seu desejo de se redimir com o passado.
Eu li esse livro há alguns anos, e confesso que me senti muito mal. É uma narrativa um pouco pesada, por conta dos estupros e a situação do Afeganistão em si. Vi o filme tempos depois, e foi pior ainda. Uma coisa foi imaginar a cena, mas vê-la ali, na tela, é algo difícil de lidar.
E o jeito como Hassan não conta sobre a violência me deixa intrigada. Ele apenas fica cabisbaixo, triste, mas segue com a vida. Amir é que se sentia culpado e descontava em Hassan. A culpa o corroeu por dentro, levando-o a fazer coisas para tentar extravasar esse sentimento. Por fim, ele achou que tirar Hassan de casa o faria se sentir melhor, mas foi o contrário.
É um livro intenso, eu recomendo a ler e depois assistir o filme, que não deixa a desejar. A narrativa é bem construída, os personagens são tanto envolventes quanto intrigantes.
“Por você, faria isso mil vezes. – disse ele. E deu aquele sorriso de Hassan, desaparecendo então na esquina. Só voltei a vê-lo sorrir assim tão descontraído vinte e seis anos mais tarde (...)”